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Infografia da Denominação de Origem
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Número de adegas (2017):
1.500
Superfície total:
2.000 ha4.942 ac
Produção máxima permitida:
75.000 kg/ha66.911 lb/ac
Altitude das vinhas:
Min: 50m
Max: 700m
Min: 164ft
Max: 2.297ft
Temperatura:
Min: 8º
Max: 29º
Min: 46°F
Max: 84°F
Pluviometria anual:
1.100 l/m2102 l/ft2
LOCALIZAÇÃO E HISTÓRIA
É a maior região vitivinícola do país, englobando todos os concelhos da faixa costeira a norte de Lisboa, desde o delta do Tejo a Leiria, a norte junto ao rio Mondego; a este confina com a região Ribatejana. Anteriormente esta região era denominada Oeste com exceção das 3 DOC demarcadas em 1908: Bucelas, Colares e Carcavelos que foram consideradas independentes. Posteriormente, a região passou a chamar-se Estremadura, nome histórico da província, mas em 2008 voltou partilhar o nome da capital e passou também a incluir as antigas DOCs da zona, existindo presentemente 9 DOCs nesta região.
SOLOS E CLIMA
O relevo da região não é muito pronunciado, mas estabelece uma separação nítida da região Ribatejana, constituída por terreno mais baixo, na linha onde o Secundário se diferencia do Terciário e do Quaternário pela serra de Montejunto e da Ota.
O clima é temperado, a precipitação anual oscila entre 600 e 700 mm e as influências mediterrânicas são notórias. O terreno da região é quase inteiramente constituído por formações secundárias, com pequenos afloramentos de granito e basalto a sul. Existem 30.000 hectares de vinhas nesta região, mas apenas 2.000 hectares estão qualificados para a DOC.
SUB-REGIÕES E CASTAS
Na região de Lisboa existem 9 DOCs. Três destas DOCs possuem a sua própria história: Bucelas, Carcavelos e Colares obtiveram a DOC no início do século 20. As outras regiões são novas: Encostas d'Aire, Óbidos, Alcobaça, Alenquer, Torres Vedras e Arruda. A DOC Lourinhã é exclusiva para eau-de-vie, uma das poucas DOCS eau-de-vie na Europa.
A DOC Torres Vedras, de início chamava-se apenas Torres, teve que lutar contra o gigante dos Penedés Miguel Torres e desse modo decidiu-se acrescentar Vedras, que é o nome da cidade. A vinha estende-se da Serra de Montejunto à costa. 873 ha pertencem à DOC.
A DOC Alenquer encontra-se protegida dos ventos de oeste pela calcária Serra de Montejunto, muito diferente da situação de Torres Vedras que não fica longe, mas que se situa do outro lado da serra. Não é surpresa encontrar alguns dos melhores produtores de Portugal em redor de Alenquer. A área não é uniforme, compreendendo colinas calcárias onduladas a oeste e uma planície aluvial em direção ao rio Tejo a este, onde os vinhos possuem um caráter mais parecido com os do Tejo do que com os de Lisboa. As castas tradicionais desta zona são Arinto, Fernão Pires, Jampal e Vital para os brancos e Castelão, Camarate, Trincadeira e Tinta Miúda para os tintos. No entanto, também são permitidos Alvarinho, Chardonnay, Viognier, Aragonez, Cabernet Sauvignon, Syrah e Touriga Nacional. Cerca de 600 ha são qualificados como DOC.
A DOC Arruda situa-se entre Alenquer, Torres Vedras e Bucelas e a cidade chama-se Arrudas dos Vinhos pela sua tradição vinícola. Aqui predominam os vinhos tintos com as castas Castelão, Camarate e Tinta Miúda.
A DOC Óbidos, com a sua vila medieval murada, é um importante centro turístico. Gaeiras, Lourinha, Bombarral e Cadaval são os principais centros vitivinícolas. Produzem principalmente vinhos brancos que, pelas suas características específicas de baixo teor alcoólico e elevada acidez, permitem obter aguardentes vínicas de qualidade. Os vinhos espumantes também são produzidos graças ao clima frio do Atlântico. As variedades desta zona para os brancos são Vital, Arinto, Fernão Pires e Rabo de Ovelha e para os tintos Castelão, Bastardo, Tinta Miúda e Camarate. Também são permitidas outras castas, tais como Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinot Noir.
No norte da região situa-se a DOC Alcobaça, com uma grande tradição vitivinícola desde o século XII, altura em que o cultivo da vinha foi introduzido na região pelos padres do mosteiro de Alcobaça. Esta região inclui os concelhos de Caldas da Rainha, Alcobaça, Nazaré, Óbidos e Porto do Mós. As vinhas situam-se em encostas ligeiramente inclinadas que geralmente não ultrapassam os 100 m de altitude, a natureza geológica dos seus solos argilosos e o clima da região juntamente com as castas regionais, dão origem a vinhos peculiares e diferenciados. Destacam-se os vinhos brancos produzidos a partir das castas Rabo de Ovelha, Vital, Arinto, Fernão Pires, Boal de Alicante e Malvasia e os vinhos tintos das castas João de Santarém, Trincadeira, Baga e Castelão.
Mais a norte podemos destacar a região de Leiria, onde a cultura da vinha se situa no interior da região, ou seja, a nascente do grande troço de pinheiros que acompanha a faixa costeira e que inclui principalmente os concelhos de Leiria e Batalha.
A DOC Encostas de Aire é talvez a menos conhecida, abrangendo as encostas calcárias da Serra de Sicó e da Serra de Aire a este de Leira e Pombal, estendendo-se até à costa de Alcobaça, com 70 ha de vinha. As castas tradicionais são Arinto, Fernão Pires, Ratinho, Seara Nova, Tamarez e Vital e os tintos de Baga, Castelão e Trincadeira.
ADEGAS
As principais adegas destas 7 DOCs são Quinta do Carneiro na DOC Alenquer, Quinta de Chocapalha na Serra de Montejunto, Quinta da Cortezia, DFJ Vinhos (Dino Ventura, Fausto Ferraz e José Neiva), Casal Figueira, AdegaMãe, Manzwine, Quinta do Monte d'Oiro (onde Bento do Santos plantou Syrah com grande sucesso), Quinta de Pancas, Parras Wines, Quinta do Pinto, Companhia Agrícola do Sanguinhal (família Pereira da Fonseca), Quinta de Sant'Ana propriedade da coroa portuguesa no século XVII e em 1969 vendida aos Fürstenbergs, Casa Santos Lima, Vidigal Wines.
Houve uma época em que os vinhos da DOC Colares, DOC Bucelas e DOC Carcavelos se tornaram moda na Grã-Bretanha, quando os soldados de Wellington voltaram das suas heroicas batalhas em Portugal.
A cultura da vinha na região da DOC Bucelas foi introduzida na época romana. O nome Bucelas vem da palavra Bucelário de bucelarius, bocado ou pedaço de comida.
Bucelas é possivelmente a DOC da região de Lisboa que mais soube preservar o seu património histórico. Sempre foi uma zona de vinhos brancos, Arinto, uma casta que chegou longe em Portugal, mas em Bucelas, por regulamento, constitui pelo menos 75% do vinho. Embora Arinto tenha uma elevada acidez, é frequentemente misturado com o extremamente ácido Esgana Cão e o mais domesticado Rabo de Ovelha. Existem cerca de 150 ha de Arinto plantados nesta pequena DOC.
A região foi demarcada como DOC em 1907 e estende-se ao longo dos vales dos rios Trancão e Ribeira de Bemposta, cerca de 25 km a norte de Lisboa e inclui as localidades de Bucelas, Charneca, Vila de Rei, Bemposta, Catadouro, Vila Nova, Santo Aleixo, Chamboeira, Freixial, Pinteus e Fanhões. Uma série de colinas calcárias a cerca de 350 m de altitude protegem as vinhas dos nevoeiros atlânticos que se erguem do estuário do Tejo. O vinho de Bucelas foi ao longo da história transportado para Londres, ora como vinho licoroso, ora como vinho tinto, mas em 1970 restava apenas um produtor em Bucelas: Caves Velhas. Foi uma região que conseguiu recuperar; em 2019 a Sogrape comprou a Quinta da Romeira, que foi a sede de Sir Wellington na região durante as Guerras Peninsulares. Foi durante as invasões francesas que o vinho de Bucelas adquiriu fama e renome internacional, quando foi oferecido por Wellington a Jorge III, então Príncipe Regente. Depois da Guerra Peninsular, o consumo do vinho de Bucelas tornou-se um hábito da coroa da Inglaterra.
Os maiores vinhedos localizam-se nos vales, solos pertencentes ao período cretáceo da era mesozoica, constituídos por solos argilosos finos. A região possui um microclima próprio, sendo bastante frio no inverno e temperado no verão, embora com grandes oscilações de temperatura nesta época do ano.
O vinho de Bucelas é um vinho branco seco das castas Arinto e Esgana Cão. Outras adegas nesta zona são a Quinta do Avelar e a Quinta da Murta.
Na DOC Carcavelos, houve um período em que a vinha penetrava no território da cidade de Lisboa. Localidades como Camarate, Olivais, Sacavém, Frielas e Apelação foram importantes centros vitivinícolas nos séculos XVIII e XIX, progenitores de um vinho licoroso denominado "Lisboa" que rivalizou brevemente com o "Porto".
A maior parte deste terreno foi absorvido pelo Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. Resta ainda uma Quinta do século XVII, recentemente restaurada, que produz um vinho tinto chamado Corvos de Lisboa (como referencia aos corvos no brasão da cidade), feito nesta Quinta pela Casa Santos Lima.
Este vinho era tão valorizado que foi enviado de presente pelo Rei D. José em 1752 à corte de Pequim. Foi também muito apreciado pelos soldados do Duque de Wellington durante as suas campanhas na Península Ibérica.
Conhecido no século XVIII como "Calcavella", foi um vinho licoroso que surgiu conjuntamente com o vinho "Lisboa" nos primeiros leilões da Christie's. Os dois vinhos eram provavelmente semelhantes. Este engano foi tacitamente apoiado pelo Marquês de Pombal, dono de uma importante Quinta em Oeiras. Embora tenha aprovado leis para proteger o Vinho do Porto, fez questão de misturar Carcavelos com o Vinho do Porto para dar mais força ao vinho.
A DOC surgiu em 1908 e inclui as localidades de Oeiras, São Domingos de Rana, parte do Estoril e Carcavelos. As antigas Quintas com nomes bucólicos, tais como Quinta de Bela Vista, Quinta das Rosas, Quinta do Lameiro e Quinta de Santa Rita, foram transformadas em casas à medida que Lisboa se foi expandindo ao longo do Tejo. Existe uma zona chamada Bairro Além das Vinhas, embora já não tenha vinhas. Teria sido o fim de Carcavelos, mas em 1997 a Câmara de Oeiras interveio e decidiu restaurar a casa do Marquês de Pombal, a Quinta do Marquês, e voltar a produzir vinhos com a marca Villa Oeiras. Este vinho licoroso é envelhecido entre 7 e 15 anos em barris de carvalho português.
Os solos que constituem a região são de diferentes tipos, predominantemente belosianos e turonianos, de natureza calcária, com massas de gabro e basalto.
Em Carcavelos é possível fazer tinto e branco: Castelão e Preto Marinho juntamente com Boal Ratinho, Arinto e Galego Dourado são as castas. Galego Douro é a mais relevante e hoje em dia é também plantada no Alentejo. O solo calcário e as condições marítimas ajudam na acidez. No passado, os vinhos eram fermentados a seco e posteriormente fortificados com bagaço de uva até 17,5%. É um vinho generoso, com graduação alcoólica entre 18 e 20 graus e um teor residual de açúcares de cerca de 15 gr/litro. Aparentemente não houve safras ou "colheita" até a reinvenção deste vinho em 2005.
A DOC Colares foi uma das regiões vitivinícolas mais importantes do país, mas presentemente é difícil encontrar vinhas em Colares, uma localidade entre as melhores terras na cúspide das dunas entre a Praia das Maçãs e o Magoito. Existem também algumas vinhas nas encostas da Serra de Sintra em Almoçageme, perto do Cabo da Roca e na Encosta de Monserrate. Se em 1938 eram 1.800 hectares, dos quais 1.600 eram cultivados em areia, nos anos 80 Colares possuía 1.800 hectares de vinhas e hoje em dia restam apenas 20 na areia e 60 no barro.
Sabe-se que já existiam vinhas nesta zona no século XII quando Afonso Henriques se autoproclamou primeiro rei de Portugal e em 1154, pouco depois das suas forças militares terem recuperado Lisboa aos mouros, o seu nome ficou imediatamente ligado ao património da Coroa. A fama dos vinhos de Colares remonta a vários séculos, tal como quando D. Afonso III, já em 1255, deu foral à localidade e fez a doação da herdade de Colares a Pedro Miguel, é feita referência à plantação de vinhas. No Livro das Colheitas de D. Afonso IV destacam-se as colheitas de Sintra e subúrbios.
A viticultura, juntamente com outras culturas, conferiu tanta importância à região de Colares que levou D. João I em Agosto de 1385, após a Batalha de Aljubarrota, a doá-la ao Condestável D. Nuno Álvares Pereira, sendo esta uma das mais heroicas páginas da história da região de Colares. Desde o século XIII, o famoso vinho de Colares é um vinho nobre, frequentemente levado à mesa do rei.
Em 1880 e 1890, os vinhos tintos de Collares, como eram chamados, foram comparados ao Médoc. Embora a região tenha sido demarcada como DOC em 1908, os abusos continuaram. A região sofreu com o colapso do mercado brasileiro em 1930, quando o governador Getúlio Vargas decretou o embargo às importações de vinho. No mesmo ano afirmou-se o Estado Novo que proibiu a mistura dos vinhos denominados chão de areia (solo arenoso) com chão rijo (solo argiloso) e no ano seguinte foi criada a cooperativa. Entre 1930 a 1990, todas as uvas de Colares tiveram que ser entregues à cooperativa, o que contribuiu para a queda da qualidade dos vinhos. A Tavares & Rodrigues com o apoio da Domecq plantou 12 ha de vinha em solos arenosos perto das Azenhas do Mar, a sua obra foi recuperada pela Fundação Oriente.
O solo é composto por areia fina entre 1 a 7 m e por baixo é argiloso, mas assim que as raízes estejam estabelecidas e protegidas por parapeitos de bambu, as vinhas desenvolvem-se na areia como aranhas, aparentando ser 6 vinhas diferentes todas da mesma planta. As paliçadas de junco (bambu local) colocadas paralela ou perpendicularmente à costa providenciam proteção contra os ventos de oeste. O legado de proteger desta forma a vinha dos ventos do Atlântico oeste pode ser encontrada entre as localidades de Fontanelas, Magoito e o mar. Na areia, a uma altitude de 50 m, existem algumas parcelas protegidas da mesma forma que foram durante séculos. A variedade Ramisco, ainda única em Colares, conseguiu sobreviver à filoxera graças aos solos arenosos da zona. Quando os cachos começam a amadurecer, são suportados por pequenas estacas de cana para evitar que as uvas sejam queimadas pelo calor que irradia da areia. O vento é moderado com a ajuda de juncos.
Ramisco, a areia e o vento são os três elementos naturais que definem este vinho.
No que toca à natureza geológica dos solos arenosos onde as videiras são cultivadas, estes são constituídos quase exclusivamente por areias das eras mesozoica e cenozoica e pertencem aos períodos Cretáceo ou Jurássico ou Oligoceno e Mioceno-Marítimo e, nalguns casos, à camada basáltica em cuja constituição variável a argila desempenha um papel importante. Os solos argilosos receberam o nome de “Chão Rijo”, por oposição aos solos arenosos designados “Chão de Areia”.
São permitidos três tipos de vinho em Colares; dois tipos de tinto e um branco. Os vinhos mais caros provêm do Chão de Areia, onde a uva Ramisco idealmente representa pelo menos 80% da combinação. Outras variedades, tais como Castelão, Parreira Matias e Tinta Miúda, podem contribuir para o vinho. O segundo tipo de vinho tinto provém do chão rijo dos solos calcários longe da costa, são vinhos mais robustos de outras variedades que não Ramisco. Os vinhos brancos são da casta Malvasia de Colares; a Adega Regional e o Casal Santa Maria produzem vinhos Malvasia muito frescos e cítricos.
ADEGAS
A Adega Regional ainda produz a maior parte do vinho de Colares. As empresas históricas associadas a Colares fecharam as portas: D. J. Silva, Tavares & Rodrigues e Visconde de Salreu mas ainda podem encontrar-se colheitas antigas destas casas. Um dos nomes míticos de Colares, Viúva Gomes encerrou em 1970.
Outras adegas na zona são: Adegas Beira Mar (família Chitas) no Magoito, Casal Santa Maria comprada pelo Barão Bodo von Bruemmer em 1962 e Fundação Oriente, uma organização de caridade fundada a partir de uma lucrativa licença de jogo na ex-colónia portuguesa de Macau. A Fundação recuperou em Colares um imóvel fundado no final da década de 1980 pela casa Tavares & Rodrigues e salvou Colares da extinção.