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Infografia da Denominação de Origem
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Ano de fundação da D.O.:
1979
Número de adegas (2017):
110
Superfície total:
12.000 ha29.652 ac
Produção máxima permitida:
13.500 kg/ha12.044 lb/ac
Altitude das vinhas:
Min: 50m
Max: 500m
Min: 164ft
Max: 1.641ft
Temperatura:
Min: 13º
Max: 19º
Min: 55°F
Max: 66°F
Pluviometria anual:
1.100 l/m2102 l/ft2
DOC BAIRRADA
LOCALIZAÇÃO E HISTÓRIA
A Bairrada é uma região muito antiga. Já na época da ocupação romana era habitada pela estrada militar de Eminio a Calle. Segundo documentos históricos, são frequentes as referências às vinhas de Ventosa, Portunhos, Ançã, entre outras, nos séculos X e XI.
No livro dos Testamentos de Lorvão consta uma notícia que refere que no ano 950 foi entregue uma vinha de Silva ao mosteiro de Lorvão, no concelho da Mealhada.
A tradição e fama dos vinhos da Bairrada remontam ao início da fundação do país, visto que, de acordo com a documentação existente, Afonso I de Portugal autorizou a plantação de vinhas na região desde que um quarto do vinho produzido lhe fosse dado.
Mais tarde, no reinado de D. Manuel I, todos os forais referentes às vilas da Bairrada referem-se às suas vinhas.
A Bairrada foi uma zona que marcou a fronteira entre cristãos e mouros durante os séculos de ocupação. Depois de reconquistada, a Bairrada tornou-se numa importante zona de abastecimento de vinho de Coimbra e do Porto.
Em 1599, Duarte Nunes de Leão fez referência à qualidade dos vinhos de Cantanhede e no século XVIII, o Padre Carvalho da Costa destacou a qualidade dos vinhos da Anadia e da Mealhada.
Ao longo dos anos, a viticultura floresceu na região, mas o Marquês de Pombal condicionou a sua cultura mandando arrancar a maior parte das vinhas, um duro golpe para a viticultura da Bairrada. Este primeiro-ministro, durante o reinado de José I (1750-77), para salvaguardar a qualidade e autenticidade dos vinhos do Porto, destruiu a região vitivinícola da Bairrada.
Apenas no reinado de D. Maria I se estabeleceu o condicionamento da cultura da vinha, dando lugar à comercialização e exportação de grandes quantidades de vinho através do porto da Figueira da Foz para os mercados do Brasil, América do Norte, França e Inglaterra. Foram também os especialistas agrícolas e enólogos do século XX que continuaram a inovar, entre outros, a produção dos vinhos espumantes naturais que granjearam grande prestígio e impulsionaram a economia da região.
SOLOS E CLIMA
A Bairrada é presentemente enquadrada pelo rio Vouga a norte, pelo Mondego a sul e pela Serra de Caramulo e Buçaco a este. Uma faixa de pinhais a oeste separa-a do Atlântico. A região é atravessada por três pequenos rios, Cértima, Águeda e Varziela, que desaguam na Ria de Aveiro. A altitude varia de 50 metros perto da costa a 500 metros nas serras do Buçaco e do Caramulo. No vale do Cértima, a maior parte das vinhas situam-se numa superfície bastante plana entre os 7 e os 120 m.
Os solos correspondem a solos calcários das épocas Jurássica e Triásica que deram origem a argilas calcárias, solos que produzem vinhos de grande estrutura e longevidade enquanto os solos arenosos do Oeste produzem vinhos mais leves e aromáticos, mais adequados aos vinhos brancos. A palavra barro em português equivale a lama, que se supõe ser a origem da palavra Bairrada.
A região é constituída por solos de constituições minerais variadas e de diferentes épocas geológicas. Os solos onde as vinhas são cultivadas sob a forma baixa são essencialmente argilosos e argilocalcários, com clima mediterrânico/atlântico e precipitação anual de 900-1200 mm, com predominância de ventos de oeste.
CASTAS
A Bairrada foi reconhecida por diplomas como região vinícola de qualidade em 1907 e 1908 e finalmente designada como Denominação de Origem em 1979. Na década de 1980, a vinha ocupava uma área de 18.600 ha e em 2020 cerca de 15.000 ha.
Uma característica única e invulgar da Bairrada em Portugal é o facto de até ao século XX esta região ter tido apenas uma casta: a Baga. Uma variedade fantástica capaz de fazer vinhos opostos. Na década de 1990, esta variedade representava 95% das variedades tintas da região e 80% de todas as variedades da região. A Baga é uma casta com uma acidez que anula açúcares residuais (a Sogrape compra uvas da Baga para o seu Mateus Rosé).
Desde 2003 a DOC permite uma grande variedade de tipos de uvas, tanto locais como estrangeiras. Medida bastante polémica, Luís Pato, conhecido produtor local, resolveu deixar a DOC. Uma associação chamada Amigos da Baga usa o nome Bairrada Clássico para designar os vinhos da casta Baga da região. Hoje em dia também podemos encontrar esta variedade no Dão.
Os vinhos da Bairrada são vinhos brancos e tintos das seguintes castas regionais. Os vinhos tintos são vinificados a partir das castas Baga ou Poerinha em pelo menos 50% do lote final e os restantes são Castelão, Moreto e Tinta Pinheira, entre as castas locais, e Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah, entre as estrangeiras. Alfrocheiro Preto, Bastardo, Preto de Mortágua, Trincadeira, Jaen e Água Santa também são autorizados desde que não ultrapassem 20% da mistura final. Os vinhos brancos são elaborados com castas que representam pelo menos 60% do lote final, Bical, Maria Gomes e Rabo de Ovelha. E sem ultrapassar 40% do lote total, são permitidos Arinto, Cerceal, Chardonnay, Sauvignon Blanc e Cercealinho. A Bairrada produz 65% dos espumantes portugueses.
ADEGAS
Algumas das adegas desta DOC foram fundadas nas décadas de 1920 e 30, quando vários comerciantes estabeleceram adegas de vinho na região. Deste período estão as Caves Irmãos Unidos (hoje Caves São João), Caves do Barrocão, Caves Messias, Caves Aliança, Caves Valdarcos, Caves Solar de São Domingos e Caves Borlido. O movimento cooperativo está profundamente enraizado na Bairrada; no entanto, não é tão dominante como no vizinho Dão. As cooperativas produzem a maior parte do vinho base que vai para os espumantes.
Com a ajuda de fundos comunitários, muitos pequenos produtores criaram as suas próprias adegas, tais como os Amigos da Baga: Luís Pato, Filipa Pato, Quinta da Vacariça, Sidónio de Sousa, Quinta das Bágeiras, Quinta de Baixo (Niepoort) e as lendárias Palace Hotel do Bussaco de estilo neomanuelino, um palácio construído para o penúltimo rei de Portugal Carlos I, assassinado em 1908, perante o que o seu segundo filho Manuel II abdicou, antes do Palácio ser concluído. Desde 1917 que este hotel é dirigido pela cadeia Almeida, sendo que o primeiro vinho do Buçaco ainda se conserva na Curia. Tanto o seu vinho tinto (da casta Baga) como o branco (Bical, Arinto e Maria Gomes) estão entre os mais conceituados em Portugal.
Outras quintas são a Quinta das Bágeiras da família Alves Nuno, a Quinta de Baixo comprada por Dirk Nieeport em 2012 depois de trabalhar com várias adegas da zona, Campolargo conhecida pela grande variedade de uvas, Filipa Pato filha de Luís Pato e grande defensora da casta Baga, o Luís conhecido por Baga-Rebelde, filho de João Pato, o primeiro a engarrafar o vinho Quinta Bairrada nos anos 70, Casa de Saima, Sidónio da Sousa, Vadio, Quinta do Encontro, Kompassus.