Adegas e vinhas à venda em Siena

Siena é uma cidade italiana da Toscana, considerada a personificação de uma cidade medieval.

Segundo uma antiga lenda, Siena foi fundada por Asquio e Senio, filhos de Remo (irmão de Rômulo, fundador mítico de Roma), sobre as três colinas onde a cidade se assenta hoje. Durante o Império Romano, foi colônia com o nome de Sena Julia, e essa origem é simbolizada pelo brasão da cidade — a loba que amamenta Rômulo e Remo.

Na realidade, Siena, como muitas outras cidades toscanas situadas em colinas, era originalmente um assentamento etrusco (cerca de 900–400 a.C.), habitado por uma tribo chamada saina. A civilização etrusca floresceu a partir do século VIII a.C. e foi definitivamente incorporada a Roma no final do século I a.C. Posteriormente, Siena tornou-se um burgo autônomo, dando origem à República de Siena.

Em 1472, a república fundou o Monte dei Paschi, banco ainda em operação e considerado o mais antigo do mundo em atividade contínua.

HISTÓRIA DO VINHO

A viticultura chegou à Itália muito cedo, especialmente no sul, nas colônias da chamada Magna Grécia. Os etruscos herdaram o cultivo da videira dos gregos, mas o aprimoraram com inovações como a seleção de uvas e o uso de suportes vivos (em vez de estacas secas, como era tradição grega).

Durante o Império Romano, a produção de vinho prosperou e sobreviveu às invasões bárbaras graças ao trabalho dos monges beneditinos e vallombrosianos, que preservaram e transmitiram o conhecimento vitivinícola por séculos.

Um símbolo emblemático do vinho toscano é o Galo Negro do Chianti. Conta-se que, para definir a fronteira entre Siena e Florença, foi organizada uma corrida de cavaleiros ao cantar do galo. Florença escolheu um galo negro e o manteve em jejum, enquanto Siena escolheu um galo branco bem alimentado. O galo negro cantou antes do amanhecer, e o cavaleiro florentino partiu antes, alcançando mais território. Eles se encontraram a apenas 12 milhas de Siena, e assim foi definida a fronteira e nasceu o símbolo do Chianti.

VINHOS E VINÍCOLAS

A província de Siena é conhecida não apenas pela sua história e arte, mas também pela excelência dos seus vinhos. Duas regiões destacam-se: o Vale do Chianti e o Val d’Orcia. Os vinhos emblemáticos são o Chianti, o Brunello di Montalcino e o Vino Nobile di Montepulciano, todos baseados na uva Sangiovese. Entre os brancos, destaca-se a Vernaccia di San Gimignano.

A região conta com várias denominações:

DOCs:

• Colli Senesi DOC – vinhos tintos baseados em Sangiovese
• San Gimignano DOC – vinhos tintos, brancos e a tradicional Vernaccia
• Toscana IGT – vinhos de qualidade elaborados com uvas locais e internacionais

DOCGs:

• Chianti DOCG e Chianti Classico DOCG
• Vino Nobile di Montepulciano DOCG
• Brunello di Montalcino DOCG
• Vin Santo del Chianti DOCG

Brunello di Montalcino DOCG

Um dos vinhos mais prestigiados da Itália, feito 100% com Sangiovese (chamada localmente de Brunello), produzido exclusivamente em Montalcino, ao sul da zona do Chianti. Foi o primeiro vinho a receber o selo DOCG em 1980. O clone foi isolado no século XIX por Clemente Santi, e seu neto Ferruccio Biondi-Santi ajudou a consolidar sua fama. Atualmente há mais de 200 produtores.

Vino Nobile di Montepulciano DOCG

Produzido na cidade de Montepulciano, este vinho era muito apreciado pela nobreza toscana no século XVIII. Deve conter no mínimo 80% de Prugnolo Gentile (uma variante da Sangiovese), complementado com Canaiolo Nero e Mammolo. Requer pelo menos dois anos de envelhecimento.

Chianti Colli Senesi DOCG

Uma das subzonas mais amplas do Chianti, localizada ao redor de Siena. Produz vinhos tintos à base de Sangiovese, podendo incluir Canaiolo, Colorino, e até pequenas quantidades de Trebbiano e Malvasia.

Vernaccia di San Gimignano DOCG

Um dos vinhos brancos mais antigos da Itália, citado desde o século XIII. Produzido com a uva Vernaccia, foi o primeiro a obter o status DOC (1966) e um dos primeiros a receber a DOCG (1993).

Rosso di Montalcino DOC

Considerado o "irmão mais jovem" do Brunello, também é feito com Sangiovese, mas envelhece por menos tempo, resultando em um vinho mais leve e acessível.

Vinícolas de destaque:

• Biondi Santi (Brunello di Montalcino)
• Avignonesi (Vino Nobile di Montepulciano)
• Fèlsina (Chianti Classico)

PONTOS DE INTERESSE

O período da República de Siena foi crucial na formação da cidade como a conhecemos hoje. No início do século XIII foi finalizada a Catedral de Siena, e a Piazza del Campo tornou-se o coração da vida cívica e comercial.

Durante os séculos XIII e XIV, Siena rivalizou com Florença nas artes. O pintor Duccio di Buoninsegna e o afresco Allegoria do Bom Governo de Ambrogio Lorenzetti no Palazzo Pubblico são marcos do fim da Idade Média e prenunciam o Renascimento. A cidade foi gravemente atingida pela peste negra de 1348 e por crises financeiras subsequentes.

Outros locais de interesse:

• Palazzo Piccolomini (Renascença sienesa)
• Pinacoteca Nazionale (no Palazzo Buonsignori)
• Fortaleza Medicea (século XVI)
• Basílica de São Domingos, dedicada a São Domingos de Gusmão

Vilarejos da província de Siena:

San Gimignano, com suas torres medievais (eram 76 no século XIII, 14 permanecem hoje), suas praças e a famosa Gelateria Dondoli, considerada uma das melhores da Itália.

Monteriggioni, vila medieval cercada por muralhas impressionantes, com ruas estreitas de pedra e uma atmosfera encantadora que transporta os visitantes ao passado.